terça-feira, 20 de setembro de 2011

Entidades perturbadas

Vulto sem personalidade, incolor, de textura obscura.
Que te escondes em sombras negras e indiferentes.
Que fazes parte de um universo particular, turbulento, vazio.
Tento, mas não consigo imaginar-te nesses esboços que me observam.
A tua permanente escuridão insiste em degradar-me.
Porque persistes em ocupar todos os meus espaços?
Porque te envolves em todos os meus pensamentos?
Porque te confundo na minha própria sombra?
Grito, imploro para que um dia desapareças, para sempre, deste meu jardim de lágrimas.
Onde, depois de todos os nossos encontros, eu morro.
Não te desejo, não quero a tua presença, conheço a envolvência da tua obscena dança.
O teu manto negro, longo, imenso, apodera-se sensualmente da minha razão.
Não resisto, não consigo, nunca consegui.
Quebras-me com o teu suave toque e atiras-me para uma dimensão sem gravidade, oca, sem luz, dolorosa.
Desânimo, mutilação, degradação, energias que te ofereço e que te alimentam o ego.
Porque me escolheste para não te encontrar nos corredores do teu, meu, nosso labirinto?
Local sem vida, onde apenas a noite, e só ela, te ama.
Estou aterrorizado! Eu sei, penso demais.
Sinto-me vulnerável na tua presença, perdido neste meu pesadelo infinito, neste teu melhor sonho.
Estás deliciada.
Abraças-me no presente, no passado, no futuro.
Sou o alimento para a tua felicidade. E tu, tu prolongas a minha dor.
Quem és tu?
Chamo por ti, quero enfrentar-te!
Porque te escondes neste nosso romance doentio?
Não reconheço o teu silêncio.
Não vislumbro a tua face.
Sabes sorrir?
Porque insistes em prender-me neste mundo estéril?
Aquele que me ofereceste.
E de onde não me deixas sair.


“Continuem a frequentar estas areias”

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